terça-feira, 25 de agosto de 2015

Mitologia Nórdica, 2- A vida após a morte, O Caminho dos de pouca glória:


Geralmente esse meio termo não é mencionado, na verdade possuímos menções escassas sobre esse segundo caminho. Possivelmente tenha sido uma tradição posterior, como forma de responder a pergunta: quem não fosse um guerreiro honroso e nem um covarde, e não morre-se de doença, velhice ou acidente, para onde iria?
 
Em geral, as crenças antigas diziam que a maioria da população a qual não era guerreira, e embora fosse, nem todos eram honrados, corajosos e bravos, iam todos para a Casa de Hel, chamada de Helheim, a qual ficava em Nilfheim. Tal fato será comentado mais adiante, mas por hora me deterei a explicar esse meio termo.

Se Odin e Freya eram os deuses responsáveis por acolher os valorosos guerreiros em sua estada em Asgard (embora Freya fosse uma Vanir, seu palácio não ficava em Vaniheim, ela havia se mudado para Asgard), o deus responsável por acolher o restante da população, era o grande campeão dos deuses, o poderoso Thor. 


"De todo os deuses, Tor é o herói mais característico do tempestuoso mundo dos vikings. Barbudo, franco, indomável, cheio de vigor e energia, ele põe toda a sua confiança em seu braço forte e suas armas simples. Ele caminha a passos largos pelo reino norte dos deuses, um símbolo apropriado para o homem de ação". (DAVIDSON, 1987, p. 61).



Thor lutando contra gigantes. M. E. Winge, 1872. 
Como foi dito, praticamente não há menções que o palácio de Thor, chamado Bilskirnir, abrigasse a população que não era digna de ir para Valhala e Folkvang, e também não eram execráveis,  para serem jogados em Helheim. No poema Hárbardzljod, na estrofe 24, o barqueiro Hárbard (na realidade era Odin disfarçado) fala que Odin recebia em seu palácio os jarl, enquanto a Thor estava legado a plebe (karl) e os escravos (thrall). De fato o culto a Odin era aristocrático como nos atestara Davidson na seguinte passagem:

"Entre os adoradores de Odin encontramos os reis e os principais guerreiros do período das migrações e da Idade Viking. Muitas famílias reais, entre os Anglo-Saxões, proclamavam-se descendentes do deus e tinham orgulho nisso. Aos chefes que prometessem dedicar-lhe aqueles que matassem, Odin doava armas como a esplêndida espada Gram, dada a Sigmundo, o Volsung". (DAVIDSON, 1987, p. 31). 


As pessoas comuns (os Karl) também faziam rituais e orações para Odin, no entanto, Thor era o deus que eles mais cultuavam e para quem mais rezavam. Pelo fato de Thor ser filho de Odin e Jörd (deusa da terra) a qual era vista como a guardiã de Midgard, Thor era considerado como o protetor dos deuses e dos homens; quando os gigantes ameaçavam invadir Asgard ele partia para combatê-los, e quando os mesmos geravam problemas para a humanidade, ele também descia para enfrentá-los. 


Além disso, as pessoas oravam para Thor, pedindo proteção nas viagens, nas nevascas, tempestades; pediam proteção para o lar e a família, chegavam a usar amuletos de proteção em formato de martelo. Rezavam para o deus pedindo chuvas para uma boa colheita, e até mesmo convocavam seu nome para realizar consagrações e juramentos.

Logo, tomando-se por este lado, Thor era o deus "do povo", das "massas", estando mais familiarizado ao homem do campo, ao homem do mar e aos viajantes. E se a menção no poema Hárbardzljod estiver certa, e não passar de um deboche, os Karl e os Thrall poderiam após a morte irem morar no palácio do deus Thor? Bom, isso é uma pergunta que ainda não temos resposta definitiva, pois as fontes são escassas para poder confirmar se tal hipótese é concreta. Em caso de não ser, o que sobra para estas pessoas é o Helheim.

Helheim, deusa hel.

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